Mais do que respeitar a opinião do outro, é fundamental colocar-se no lugar dele para alcançar avanços políticos, sociais e até emocionais.Seja no meio científico e político, seja no de negócios, nunca se ouviu tanto falar na palavra empatia, que representa a capacidade de se colocar no lugar de alguém para entender seus sentimentos e suas perspectivas para tomar uma ação efetivamente benéfica para ambos os lados.
Nesse contexto, surge um questionamento importante: como podemos expandir nosso próprio potencial de empatia?
Roman Keznaric, fundador da The School of Life, em Londres, acredita que a discussão não envolve apenas uma mera expansão das fronteiras do universo moral de cada um. A empatia deve ir além: trata-se de um hábito que, quando cultivado, pode melhorar nossa própria qualidade de vida.
Confira seis dicas do especialista para estimular e desenvolver sua própria empatia:
1. Cultive a curiosidade pela vida de desconhecidos. Pessoas de grande empatia têm um interesse insanável pela vida de qualquer pessoa. Conversam com o vizinho de banco de ônibus e acham os outros mais interessantes do que eles próprios. Conhecer pessoas fora de nosso círculo pessoal possibilita que nos deparemos com visões de mundo diferentes da nossa.
Que tal assumir o desafio de conversar com pelo menos uma pessoa desconhecida por semana. A única coisa de que você precisará é coragem para o contato inicial.
2. Ignore os preconceitos e descubra pontos em comum. Todo mundo enquadra as pessoas em estereótipos em um primeiro momento, mas a luta contra esse hábito, que ignora a individualidade das pessoas, deve ser diária. Quem tem empatia forte procura pontos em comum nas conversas e evita colocar rótulos na pessoa com a qual esteja falando.
3. Experimente a vida do outro. Você acha que quem salta de bungee jumping é doido? Acha que não ter religião é algo absurdo? Então, a melhor forma de superar esses preconceitos é programar um salto ou sair para conversar sobre fé com um amigo ateu no próximo fim de semana.
Pessoas de grande empatia aproximam-se com mais facilidade dos outros por respeitarem e já terem passado pelas experiências de vida deles, em vez de criticá-los. Com certeza, você achará incríveis algumas coisas das quais nunca pensou que poderia gostar.
4. Preste muita atenção quando o outro fala e esteja sempre aberto para o que vier. A empatia implica uma audição aguçada e interessada do outro, além da compreensão de suas necessidades físicas e emocionais, sejam elas quais forem. Da mesma forma, a pessoa de alta empatia não usa máscaras e se abre para o outro de forma sincera, o que ajuda na formação de um vínculo de confiança mútua.
5. Inspire ações coletivas e mudanças sociais. Apesar de muitos acreditarem que a empatia acontece no plano individual, a verdade é que ela consiste em um fenômeno de massa, que implica sempre uma mudança social.
Basta olhar para a história e lembrar os movimentos contra a escravidão e em prol de melhores condições de trabalho nos séculos 18 e 19. Exemplos mais recentes foram as mobilizações mundiais pelo tsunami na Ásia e as manifestações contra os governos de diversos países, inclusive o Brasil, nos últimos anos.
6. Busque diálogo com a oposição. Aproximar-se de pessoas carentes ou que estejam sofrendo de alguma forma é relativamente fácil. Basta a solidariedade. As pessoas de grande empatia, entretanto, além de se preocuparem com os necessitados, buscam também formas de diálogo com pessoas poderosas ou defensoras de algo de que discordam.
Ativistas ambientais, por exemplo, devem tentar se aproximar de executivos de empresas petrolíferas para entender seus propósitos e suas motivações. Somente assim conseguirão conquistar avanços efetivos no combate do aquecimento global, por exemplo, conciliando os interesses dos dois lados da mesa.
(Livre tradução e adaptação do texto Six Habits of Highly Empathic People publicado no portal Greater Good).